É valor, não é preço!

Morar num condomínio limpo, seguro, organizado, com boa manutenção e dinheiro no caixa é o que buscamos para nossa família! Pagar por isso é um prazer e não se trata de um boleto caro ou barato, mas sim do valor despendido para garantir uma moradia digna.

O boleto do condomínio não é uma conta qualquer! Pagar esse boleto é um prazer ou, ao menos, deveria ser. Trata-se da nossa satisfação cotidiana, da nossa segurança e tranquilidade. É o nosso lar, maior patrimônio material que temos, onde escolhemos viver com as pessoas que amamos e protegemos.

Infelizmente, e porque não dizer inexplicavelmente, existe um comportamento bastante comum, quase automático, das pessoas que moram em prédios afirmarem, categoricamente (e, na maioria das vezes, sem razão alguma) que “o condomínio está caro demais”.

Nunca pararam para fazer uma conta simples: R$ 500 (quinhentos reais) de condomínio dá R$ 16 (dezesseis) por dia. R$ 1.000 (mil reais) de condomínio equivale a R$ 33 por dia. Nos prédios mais “chiques”, um boleto de R$ 2.000 (dois mil reais) significa R$ 66 (sessenta e seis reais) por dia. Vale cada centavo! Ademais, as despesas com funcionários representam, em média, de 50 a 70% dos custos mensais.

Quando se aproxima a assembleia para falar sobre uma nova previsão orçamentária, os síndicos vivem uma espécie de inferno astral, sofrem de TPA (tensão pré-assembleia), só de imaginar a reação dos moradores, ao anunciar um pequeno reajuste para fazer frente aos custos básicos. Paradoxalmente, os mesmos moradores, que repudiam qualquer aumento mínimo e chiam barbaridade, são os mais exigentes e, numa conta que não fecha, querem um determinado padrão, mas não aceitam pagar por isso. Em tal contexto, surgem as perigosas ideias mirabolantes, a tão famigerada “economia porca”, justamente no lugar mais importante, o nosso lar!

Curioso analisar que não fazem isso no restaurante predileto, na loja de vinhos importados ou de cervejas artesanais. Ao trocar de carro, jamais se comportam dessa forma e, quando viajam de férias, acham um horror economizar, ficam até com vergonha de fazer isso na frente de outros turistas. Não é mesmo? Somente no lugar mais importante, onde passam o ano inteiro com suas famílias, agem assim! É um paradoxo e precisam mudar tal postura e olhar para o condomínio com mais carinho e responsabilidade, enxergando os valores em cada despesa e não apenas os custos.

Evidente que há prédios extremamente mal administrados e, nesses casos, pagar o boleto é de fato um desgosto. Aí, o caminho não é apenas resmungar ou xingar o síndico, mas arregaçar as mangas e trabalhar para corrigir rumos. E como fazer isso? Comparecer às assembleias e reuniões, analisar contas e contratos, fazer críticas construtivas, propor soluções factíveis, criar grupos de trabalho, listar prioridades e montar um plano de trabalho e, dependendo da empolgação, participar da gestão e até virar o novo síndico. Então, logo em breve, pagar o boleto de condomínio será um verdadeiro prazer.

Autor: Marcio Rachkorsky