‘Anywhere office’: conceito ganha força nos residenciais

O conceito de anywhere office chegou ao mercado imobiliário para ficar. Já não basta mais oferecer um coworking com meia dúzia de mesas e uma sala de reunião. As áreas comuns devem estar preparadas para atender a quem quer trabalhar sem ir ao escritório e sem ficar em casa.

Ao pé da letra, anywhere officequer dizer, em inglês, “escritório em qualquer lugar”. O conceito amplia a ideia de home office, já que permite ao indivíduo trabalhar em qualquer parte do mundo, dependendo apenas de ter rede de internet e acesso às ferramentas da empresa. Nos prédios, esse formato flexível se traduz, em um primeiro momento, na disponibilização de Wi-Fi em todas as áreas comuns.

— Hoje, os condomínios têm que estar preparados para o uso de áreas comuns como ambientes de trabalho. Como muitas pessoas têm laptop, elas tanto podem ficar no coworking do edifício quanto na beira da piscina. Para isso, além de internet, é preciso investir em ambientes confortáveis para essas situações — diz o CEO da Piimo Empreendimentos Imobiliários, Marcos Saceanu.

Dois empreendimentos da incorporadora traduzem bem o espírito do anywhere office. O Paysandu 23, no Flamengo, tem sala de reunião, salinhas individuais e bancadas de trabalho. O Guilhermina, em Botafogo, ganhou móveis especiais no play e na piscina para quem quiser trabalhar nas áreas tradicionalmente voltadas ao lazer.

A Itten, por sua vez, investe na ressignificação do salão de festas nos residenciais Oceânico e Praia Residencial Mar, ambos no Jardim Oceânico. Para possibilitar o uso do mesmo espaço ao longo do dia como coworking e à noite como salão de festas, a empresa apostou em um mobiliário que pode ser usado tanto para trabalho quanto para diversão. 

— O salão de festas tem geladeira e demais equipamentos para que as pessoas possam servir água ou fazer um café. O ambiente tem as facilidades de um escritório — observa o diretor da Itten, Eduardo Cruz.

Na avaliação do arquiteto Celso Rayol, vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBea), a proposta de casa/escritório ou de prédio/escritório vem se consolidando como uma demanda recorrente no mercado:

—O trabalho remoto ou híbrido foi consolidado no pós-pandemia. As incorporadoras entenderam isso e estão oferecendo múltiplas possibilidades, que vão além de um simples coworking.

ESTAÇÕES DE TRABALHO
A SIG, por exemplo, tem seis empreendimentos na Zona Sul com coworking e uma lista recheada de ambientes/equipamentos de anywhere office. A joia da coroa é o Ipa, em Ipanema, que tem sala de reunião, estações de trabalho compartilhadas e área de impressão. 

—Sempre que possível, idealizamos um coworking que vai além da mesa de trabalho, adicionando itens que complementem a rotina profissional e que sejam adaptáveis às diferentes formas de se trabalhar — explica a diretora da SIG, Fernanda Grimberg.

No Artís, da Mozak, em Ipanema, a arquiteta Hana Lerner, que assina o projeto, apresenta um coworking mais aconchegante, com cabines individuais envidraçadas que garantem o isolamento acústico.

— Queremos que o ambiente seja a extensão da casa do morador, e não um lugar frio, com paredes brancas e sem personalidade — destaca a gerente de Projetos, Clarissa Grinstein.

A Calçada é outra que trata o anywhere office como um espaço para interação ou privativo. No Kauai, parceria com a MontSerrat no Pontal Oceânico, há dois ambientes: um tem mesas compartilhadas, e o outro, sala de reunião com computador e TV. 

— Esse desenho permite que o morador adeque o uso do espaço à sua necessidade—destaca o diretor Comercial e de Incorporação da Calçada, Bruno Oliveira. 

Fonte: O Globo