Síndico Mirim: condomínio do ES cria projeto envolvendo crianças e adolescentes

Em um condomínio da Serra, na Grande Vitória, a criançada tem vez e tem voz ativa. É que um projeto chamado Síndico Mirim passou a eleger um representante das crianças e adolescentes que moram no local para participar das decisões da administração do condomínio. As demandas dessa faixa-etária são diversas, desde a melhor organização dos espaços de lazer até sugestões para ornamentar as varandas dos prédios em datas comemorativas.

O objetivo do projeto, segundo o síndico do condomínio, Gerson Alves, é envolver as crianças e os adolescentes nas decisões e na vivência dos espaços, além de contribuir para a construção do senso de responsabilidade desde cedo nos pequenos.

"Essa demanda surgiu para poder trazer as crianças e adolescentes de forma mais efetiva para a administração do local", disse Gerson.

E os pequenos são ativos. As reclamações das crianças e dos adolescentes são típicas de um local onde moram centenas de pessoas. Neste caso, o condomínio que elegeu o síndico mirim cuida de cinco torres, com cerca de 1.500 moradores.

"Nós jogamos vôlei, queimada, futebol... Mas quando os grandes jogam, eles nunca dividem a quadra com a gente", disse um menino sobre o uso da quadra do condomínio.

Síndica mirim eleita
A primeira síndica mirim eleita foi Ana Carolina Schunk, de 12 anos. Animada com o cargo, ele contou à reportagem que participou das eleições após receber o apoio dos amigos da mesma faixa etária.

"Eu converso com todo mundo, aí me falaram: 'se inscreve, vai ser bom. Você vai aprender desde cedo'", disse a síndica mirim.

Agora, ela vai participar das reuniões de condomínio e levar para os adultos algumas queixas e sugestões dos pequenos. Ana também disse que já tem ideias para discutir no próximo encontro com os moradores.

"Queremos comemorar o Halloween, Dias das Crianças, Natal... Propor competição para quem enfeita a melhor varanda, entre outras ideias", disse.

O mandato de Ana vai durar três meses. Após este período, outra criança ou adolescente vai ser eleito para participar da administração do condomínio. Já tem pessoas interessadas, como Beatriz de Almeida, de 15 anos.

"Quero sugerir ideias, dar conselhos, ajudar mesmo", disse a adolescente.

Senso de responsabilidade
Mãe da síndica mirim, Fernanda Schunk disse que o projeto contribui para a construção de um senso de responsabilidade nas crianças e nos adolescentes, que também vão aprender sobre política e responsabilidade ao participarem ativamente das decisões do condomínio.

"Isso estimula outras crianças a participarem. Neste momento, pós-pandemia, isso é muito válido. Ela está abrindo mão de outras coisas que ela poderia participar de forma individual para participar deste projeto", disse.

Sindicato apoia iniciativa

Questionado sobre o assunto, o presidente do Sindicato Patronal de Condomínio e de Empresas Administradoras de Condomínios do Espírito Santo (Sipces), Gedaias Freire da Costa, disse que a iniciativa é fundamental para criar um diálogo entre crianças, adolescentes e jovens.

"Eleger síndico mirins é uma oportunidade de trazer demandas desse público para o síndico. Além disso, é fundamental para que eles criem um senso de respeito pelas áreas comuns, como quadras, piscinas, parquinhos, entre outras", disse Gedaias.

O presidente explicou ainda que a prática é permitida, além de ser saudável em todo condomínio grande, que são aqueles com muitas áreas comuns.

"O sindicato apoia essa iniciativa. O síndico mirim consegue discutir sobre as regras de uso das áreas comuns em uma linguagem mais apropriada com os demais colegas. Por mais que os pais tentem definir regras para os filhos, nada melhor do que eles mesmo amadurecerem e definir algumas de uso comum", acrescentou.

Publicação Gazeta On-line e TV Gazeta