A importância da comunicação nos condomínios

Na música ‘Do Muito e do Pouco’, de autoria de Zé Ramalho, em bela interpretação com Oswaldo Montenegro, um trecho da canção afirma “em terra de cego quem tem um olho é rei, imagine quem tem os dois”. Vamos utilizar esta frase para abordar o tema desta coluna: o poder da comunicação assertiva pela administração condominial, reduzindo conflitos e melhorando a gestão do condomínio, uma síntese do síndico eficiente e comunicador. Um olho na gestão, outro na comunicação.

Para Peter Drucker, considerado o pai da Administração Moderna,  “60% de todos os problemas das empresas resultam de falha na comunicação”, de forma que a relevância do tema ganha destaque, condôminos bem informados, com conhecimento das regras internas, temos menos conflitos. Com isto, a harmonia deve imperar na convivência entre os moradores, devendo ser o objetivo de toda gestão realizada pelo síndico.

É preciso aplicar na comunicação o pensamento da pedagoga Taci Goes que diz  “que as nossas palavras, nossos gestos, nossas ações façam a diferença na vida das pessoas. Porque essa vida só tem sentido se for realmente fazer o bem”. Logo, uma administração condominial que tem como premissa implementar uma gestão de pessoas envolvendo moradores, colaboradores e prestadores de serviços deve utilizar uma comunicação clara, pró-ativa, capaz de antecipar-se a problemas ou conflitos, ou seja, citando Rute Bebermeyer, “palavras são janelas ou paredes, elas nos condenam ou nos libertam”.

O condomínio que faz uma comunicação eficiente com os condôminos, focando nas regras internas, tem o poder educativo ao disseminar as normas aprovadas pelos mesmos, mas lamentavelmente, não internalizadas, sequer lidas, ou simplesmente ignoradas. Se estas regras são antigas, faça-se a atualização, leve para assembleia. Modernizar-se é preciso. 

A comunicação deve focar em dicas para evitar conflitos, bem como demonstrar ações que o condomínio pode adotar para antecipar-se a eventuais conflitos, ou seja, a atuação conciliadora ou pacificadora do síndico ganha relevância, imprime uma dinâmica própria. Com isto, demonstra credibilidade e transparência, princípios fundamentais para qualquer gestão.

No exercício da comunicação deve o síndico saber ouvir as demandas dos moradores e colaboradores, realizar assembleias com informações claras e objetivas, dar ciência aos condôminos de ações administrativas e judiciais movidas contra o condomínio, ser transparente na gestão, prestando contas com relatório do já realizado e a realizar-se, dentre tantas outras ações comunicativas, fazem a diferença.

Deve o síndico antenado com estes propósitos ser um agente de transmissão de conhecimentos, divulgar fatos relevantes para seu público, para isto, pode divulgar artigos e matérias de fontes confiáveis. Neste sentido, acessando o site do SIPCES (www.sipces.org.br) terá à sua disposição uma gama de informações imprescindíveis para sua gestão da comunicação.

Atendendo ao princípio da sustentabilidade ambiental e ecológica, deve ainda o síndico dispensar o uso de papel. A comunicação deve ser enviada via e-mail, redes sociais e WhatsApp, de forma que a informação possa chegar mais rápida aos moradores e colaboradores.

O condomínio deve planejar e implementar um bom projeto de comunicação, colocando informações claras e reduzidas nos elevadores, quadros de avisos e outros locais onde a circulação de moradores permita fácil acesso. Pode ser adotado uso de aplicativos para realização das informações e recebimento de demandas dos moradores. Os meios, são os mais variados, o importante é fazer circular o que se deseja comunicar.

“A boa comunicação é essencial porque ela permite amenizar as tensões, evitando que conflitos simples se tornem advertências, multas, agressões e processos. Isso porque é o diálogo claro, respeitoso e objetivo que reduz a temperatura dessas situações e estimula o encontro de uma solução razoável para todos.” (https://www.verzani.com.br/blog/comunicacao-nos-condominios/).

Neste processo de comunicação não pode ocorrer contradições, agressividades ou violência, ao contrário, deve ser aplicado os ensinamentos da comunicação não violenta. No livro Comunicação não-violenta, o autor Marshall Rosemberg nos ensina que na comunicação não violenta “somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática. Em toda troca, acabamos escutando nossas necessidades mais profundas e a dos outros”, ou seja, “é uma forma de comunicação que nos leva a nos entregarmos de coração”.

O assunto não se encerra aqui, como dizia o velho guerreiro Chacrinha “quem não se comunica se trumbica”. Comunicar é a alma do negócio, o pilar que sustenta uma gestão condominial transparente e sintonizada com os interesses ou necessidades dos moradores.

Síndicos e Administradoras de condomínios, exerçam a arte da comunicação, fonte inesgotável de aprendizado e transmissão do conhecimento.

Autor: Gedaias Freire da Costa - Advogado e presidente do SIPCES
Publicado no portal Gazeta On-line