Empreender pode começar dentro do condomínio

A sala de estar deu lugar aos refrigeradores que guardam as encomendas. Onde ficava a sala de jantar, hoje estão as embalagens e a área de contabilidade. É numa casa na Zona Norte de São Paulo que Tatiana Almeida e Jackeline Andrade tocam o próprio negócio, uma empresa de alimentos fit que oferece programas de dieta sob medida para seus clientes.

Quem vê a empresa crescendo, com sete funcionários e pronta para expansão não imagina que o início se deu de forma muito mais discreta. Tatiana começou a produção de pães Dukan logo após perceber a demanda existente no condomínio onde morava. Resolveu deixar de comprar e passou a produzir. “Joguei no Facebook. No outro dia, o número de amigos tinha saltado de 1 mil para 5 mil e meu Messenger (aplicativo de mensagens da rede social), lotado de gente fazendo pedidos”, conta.

Com a vantagem de trazer uma maior proximidade com os clientes, possibilidade de testar um novo negócio com mais segurança e sem custos de locação e distribuição elevados, os condomínios são opções ótimas para se começar a empreender. Aliado ao uso da tecnologia, eles podem ser a porta de entrada para criar uma base de clientes e expandir o negócio para além da vizinhança.

EXPLOSÃO DE VENDAS. Foi o que fez Tatiana. Após o sucesso das primeiras vendas, ela não parou. Passou a estudar nutrição, entrou na faculdade e aperfeiçoou sua receita para a produção de pães com zero carboidratos. Além disso, passou a vender planos que incluem todas as refeições de forma balanceada, além da dieta nutricional de cada cliente. Trabalhando com ajuda da mãe, as vendas no condomínio – e para fora dele – explodiram. Ela, então, passou a ter uma gama de clientes fixos em diferentes pontos da Capital. Isso até a pandemia.

“Quando passou a pandemia, a demanda começou a ficar fraca. Então, meus funcionários que ainda não haviam pego covid, pegaram. Fechei por 15 dias, depois mais 15 dias e depois não tinha mais como aguentar”, explica. A empreendedora se afastou dos negócios por um tempo até retomar o projeto com Jackeline. O que ela não esperava é que seria o condomínio novamente o ponto de partida para o recomeço do novo negócio.

“Fui anunciando no grupo do condomínio até que uma pessoa se interessou por comprar”, conta Jackeline, mencionando que bastou o primeiro elogio entre os vizinhos para que as vendas disparassem. “É um pão zero carb, feito todo com whey (protein) e aquela curiosidade bateu em todo mundo. Começaram a comprar, um, dois, três clientes, e agora de 250 moradores do condomínio a gente vende para 100” , explica.

Agora a produção se concentra na casa de Tatiana – com o primeiro andar transformado em cozinha industrial. Com parcerias com academias e restaurantes, elas planejam dobrar o número de funcionários e expandir as vendas também para redes de supermercado e outros negócios. “A Eat Smart veio para revolucionar. O retorno que estamos tendo está sendo muito bom, então, é só crescer cada vez mais”, comemora Jackeline.

“Muitas vezes, o próprio empreendedor é um diferencial por ser alguém que demonstra ter sentimentos e cuidado”, afirma Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP. Ele explica que, além dos custos mais baixos no início, ao empreender no condomínio há uma vantagem de fidelizar a clientela com base na conveniência, de se comprar de alguém conhecido e que convive no mesmo ambiente.

Fonte: O Estado de São Paulo