Adaptabilidade e aprendizagem contínua são o caminho

Imagine a ficção tornada real em uma empresa:todos os funcionários que foram trabalhar em 18 de abril de 2003 foram congelados por 20 anos. Acordaram hoje, após aparente piscar de olhos. Descobririam que arquivos e projetos migraram para a nuvem e que um misterioso SaaS permite a monetização dos negócios.

Exagero hollywoodiano? Ora, se não tivéssemos tido tempo para digerir toda a transformação nesse período, certamente estaríamos lidando com um caos corporativo. E as mudanças seguem vindo em ondas velozes. Exigem adaptação rápida não só a novas tecnologias, mas ao que vem a reboque: novos modelos de negócio e de produção, de estoque e precificação, regras, relações de consumo e trabalho...

O darwinismo corporativo passou a ser o fio condutor da nossa narrativa. Quanto maior a capacidade adaptativa, melhores as perspectivas da empresa — sobretudo considerando o sentido original da palavra “empresa”: coletivo de profissionais com um mesmo propósito. Daí adaptabilidade (da empresa) e aprendizado (dos profissionais) andarem lado a lado. E o risco de empresas que não incorporarem a responsabilidade pela qualificação de seus times, caírem no pesadelo temporal da ficção, bem como as aferradas à crença do conhecimento como processo finito ou a ser buscado somente após testado, aplicado e consolidado.

É preciso encarar o aprendizado contínuo e prático como parte intrínseca do trabalho e aceitar as mudanças como parte do cotidiano, tendo competências e ferramentas para conseguir decifrá-las, avaliá-las e aplicá-las. Mas, como resume a chamada de palestra sobre a tecnologia como aliada na qualificação e formação de equipes de alta performance no próximo Web Summit, há quem sequer saiba o que não sabe, mesmo dele precisando com urgência.

Por isso, as organizações precisam ter papel ativo para fomentar o aprendizado e a atualização do conhecimento. E não só por conta da natureza acelerada dos negócios que exigem alta performance. Também porque o fluxo decisório muda de vertical para distribuído.

Com a adoção de modelos ágeis, as decisões se diluem na malha das empresas. O mesmo acontece com a formação profissional, espaço não mais linear nem exclusivo de escolas e universidades. As organizações têm papel de formador, com tecnologia e novos parceiros para tal.

Vale destacar, ainda, o peso do capital intelectual no impulsionamento do crescimento sustentável corporativo. Ativos intangíveis, como conhecimento, cultura, habilidades e expertise das equipes,têm peso crescente na avaliação das empresas. Portanto, investir no capital humano é essencial para as organizações terem valor e permanecerem competitivas em seus mercados.

Priorizar o desenvolvimento dos times para que lidem melhor com problemas inéditos no mundo real, torna as empresas mais aptas a perseverar em mercados em evolução constante e implementar soluções inovadoras que atendam às novas necessidades do consumidor. Sem qualificação, não existe vantagem competitiva a longo prazo.

Autora: Viviane Martins - CEO do Grupo Falconi e da Falconi Consultores
Publicação; Valor Econômico