Quadrilha rouba 295 mil em condomínios de luxo

Reportagem Jornal A Tribuna

Dos integrantes de uma quadrilha que assaltava condomínios de luxo na Grande Vitória foram presos e apresentados ontem pela Polícia Civil. Luan Matheus de Souza, 18 anos, e Robson Radamés da Silva Farias, 20, foram presos em flagrante pela Polícia Militar após arrombarem um apartamento na Praia da Costa, por volta das 16 horas de segunda-feira.

Eles ainda são suspeitos de outros dois ataques a condomínios desde junho, causando um prejuízo de pelo menos R$ 295.150,00.

De acordo com o titular da Delegacia de Segurança Patrimonial (DSP), delegado Fabiano Rosa, na segunda-feira Luan chegou a um condomínio, na avenida Antônio Gil Veloso, na Praia da Costa, em Vila Velha, procurando por um juiz que mora no local e se identificou como sobrinho dele. O porteiro teria deixado o acusado entrar.

Em seguida, outros dois homens chegaram ao prédio para ir ao mesmo apartamento. O porteiro interfonou para Luan, que autorizou a entrada.

Desconfiado, o porteiro então teria telefonado para o juiz, dono do imóvel, que disse não ter nenhum sobrinho com o nome dado pelos criminosos e acionou a PM.

O porteiro foi ao apartamento e flagrou a gangue saindo com uma mala. Ele foi agredido por Luan e desmaiou. Os acusados saíram do prédio, mas foram reconhecidos por moradores, que acionaram uma viatura do bairro. Luan e Robson foram capturados e um cúmplice deles fugiu levando R$ 14 mil em dinheiro.

A polícia conseguiu recuperar relógios, joias, bebidas, carteiras e vários objetos num valor total de R$ 10.900,00, mas R$ 150,00 em dinheiro.

Os detidos não têm passagem pela polícia e foram autuados por roubo e levados para o presídio.

A polícia ainda investiga o envolvimento deles em um saque ao apartamento de um empresário, também na Praia da Costa, em junho. Eles conseguiram fugir levando R$ 150 mil em dinheiro.

E em um arrombamento no apartamento de uma juíza aposentada, em agosto, na Praia do Canto, em Vitória, a gangue levou R$ 120 mil em dinheiro e joias.

FALHAS NA PORTARIA FACILITAM ATAQUES

Ataques em condomínios, a exemplo do que aconteceu nessa semana em Vila Velha, podem ser evitados se medidas de segurança forem observadas por todos, segundo especialistas.

O delegado Fabiano Rosa, da Delegacia de Segurança Patrimonial (DSP), afirmou que a maioria dos casos acontece por falhas na identificação de visitantes.

“Um erro grave por parte do porteiro é acreditar na palavra das pessoas estranhas, pois muitas vezes criminosos estão bem vestidos e com dados convincentes. É preciso sempre interfonar para o apartamento e, caso não tenha ninguém em casa, ligar para o proprietário”.

E completou: “Muitos funcionários ficam com receio de ‘barrar’ uma pessoa, ou com medo de colocar obstáculos para a entrada de um parente e o morador achar ruim. Então acabam deixando o criminoso entrar por acreditar nele. Esse é o perigo”, ressaltou Fabiano Rosa.

Outra falha comum nos condomínios que traz risco à segurança, segundo o delegado, é entrar e sair da garagem sem observar o portão fechar totalmente.

“Toda vez que se entra ou sai, o ideal é esperar o portão abrir. Antes de entrar, é preciso verificar se não há pessoas em atitude suspeita por perto. Caso tenha, é melhor não entrar, mas dar a volta no quarteirão e tentar novamente depois”, ressaltou o delegado.

Ele ainda frisou que esses assaltos, na maioria das vezes, acontecem por oportunidade, ou seja, quando o criminoso vê uma chance e aproveita. “Tomando esses cuidados e dificultando a ação de bandidos, ele não vai insistir naquele prédio”.

GRUPOS NO WHATSAPP AJUDAM NA SEGURANÇA

Moradores de vários condomínios têm criado grupos pelo aplicativo de mensagens WhatsApp como forma de compartilhar alertas para riscos nos condomínios.

O vice-presidente do Sindicato Patronal de Condomínio Residenciais, Comerciais, Mistos e Empresas de Administração de Condomínios no Estado (Sipces), Gedaias Freire da Costa, afirmou que moradores e funcionários não respeitarem as regras faz com que o local seja posto em risco.

“As normas são estabelecidas entre condomínios e moradores. Se porteiros ou até mesmo quem mora ali não atendem as regras de segurança estipuladas, acabam colocando todos em risco. Os condomínios precisam cobrar de forma incisiva que as regras sejam praticadas”, alertou Gedaias.

Ele afirmou que, hoje, os grupos no WhatsApp têm um papel importante nesses alertas a descumprimento de normas ou falhas.

“Muitas vezes alguém avisa que um portão ficou aberto ou que alguém descumpriu uma norma, deixando uma pessoa não autorizada entrar. Acaba sendo uma forma de fiscalização”, lembrou.

Ele alertou para o cuidado redobrado com portões eletrônicos, já que se o morador apertar o mesmo comando duas vezes seguidas, ele trava. “É preciso que as pessoas tenham o hábito de esperar fechar o portão antes de seguir e observar pessoas em atitudes suspeitas.”

O vice-presidente do sindicato ainda afirmou que a entidade tem lançado alertas sobre segurança e oferecido cursos. “Sabemos que cumprir as normas pode causar desconforto, mas as pessoas precisam entender que isso traz segurança não só para aquela família, como para todas as outras.”