Mil entregam imóveis por não pagar o aluguel

Reportagem Luciana Almeida, jornal A Tribuna

O alto índice de desemprego registrado no último ano tem colocado cada vez mais pessoas em uma situação econômica complicada. Os reflexos da crise fizeram com que, nos últimos três meses de 2016, aproximadamente mil imóveis de aluguel fossem desocupados em bairros de classe média e média alta da Grande Vitória, como Jardim da Penha e Jardim Camburi, em Vitória, e Praia da Costa, em Vila Velha.

Segundo o especialista em Direito Imobiliário Diovano Rosetti, muitas pessoas que moravam de aluguel optaram por entregar o imóvel e buscar opções de moradia econômicas para driblar a crise. Rosetti destacou que há pessoas que foram morar na casa de familiares por algum tempo, ou se mudaram para bairros em cidades onde há aluguéis mais baratos como Serra, Cariacica e Vila Velha.

“O último trimestre de 2016 foi o período de maior arrocho na economia no ano. Tivemos cerca de mil imóveis entregues. A crise atingiu principalmente a classe média nesse período e muitos foram morar em bairros onde os aluguéis são mais baratos”, disse.

Ele explicou que para manter um aluguel, a pessoa precisa ter um rendimento de pelo menos três vezes o valor da parcela, e ressaltou que muitas pessoas que têm custos com educação dos filhos pensaram na mudança para equilibrar as contas no início do ano. “Nesse início de ano, muitas famílias têm despesas com rematrícula e material escolar dos filhos, então mudaram de endereço para organizar as despesas”, destacou.

O diretor da MGM Administradora de Condomínios, Glauco Marinho, destacou que muitos donos de imóveis reduziram o aluguel para manter o inquilino. Ele disse que neste momento ninguém está conseguindo reajustar os valores.

“Muita gente tentou manter o aluguel até o final do ano, mas quando chegou dezembro, preferiu entregar o imóvel”, lamentou.

Segundo o vice-presidente do Sindicato Patronal de Condomínios (Sipces), Gedaias Freire da Costa, além do valor do aluguel, há ainda a taxa de condomínio, e o débito desta tarifa pode levar o imóvel a leilão.

“O condomínio pode entrar com procedimento de execução a partir do 3º mês de atraso, mas os que vão a leilão são os que têm uma dívida muito elevada”, disse.