Diante do Estado de Atenção declarado devido à falta de chuvas e à estiagem dos últimos meses, que contribuiu para baixar as vazões nos principais rios e demais cursos d’água do Espírito Santo, o governo anunciou ações que podem evitar o desabastecimento.
A Resolução 002/2024, publicada ontem no Diário Oficial do Estado, traz recomendações para o uso racional da água, direcionadas à população em geral e a setores específicos, como agricultura e indústria.
Nas medidas propostas estão a redução do consumo, a reutilização da água sempre que possível e a manutenção de equipamentos e instalações para evitar desperdícios, além de reduzir lavagem de vidraças, fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras, substituindo por métodos de limpeza a seco ou com uso de baldes, entre outras.
O diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Fabio Ahnert, diz que a situação é mais preocupante no Norte do Estado, basicamente nas bacias do rio São Mateus e do Rio Doce.
“Estamos praticamente no meio do período de estiagem, que no Estado vai de abril até o final de outubro. Esse período é caracterizado pela falta de chuvas ou, quando ocorre, é em volume pequeno”.
Isso faz com que a vazão dos rios diminua de maneira significativa. “Hoje a diminuição da vazão está maior nos rios do Norte do Estado. Aqui na região da Grande Vitória tem uma diminuição, mas ela está dentro de uma média esperada para esse período, está um pouco menos acentuada do que no Norte e, no Sul, está um pouco menos em relação a Grande Vitória”.
Mesmo assim, ele diz que as medidas de economia são válidas para todo o Estado, por enquanto, em caráter de prevenção. Agora, se chegar ao estágio crítico, o abastecimento pode ser feito por carrospipas ou pode ser implantado cronograma de rodízios no abastecimento, entre outras estratégias.
O último relatório, publicado no dia 15 de maio pela Agerh, indica que a vazão do rio Santa Maria da Vitória está em 10.255 litros por segundo, perto do nível crítico de 2.895,30 litros por segundo.
Pelo monitor de secas, elaborado no mês passado, no Estado os impactos duram de curto e longo prazo (CL) no extremo Norte e de curto prazo (C) no restante do Estado.
Reservatório da água de chuva
Nos condomínios, estratégias são adotadas contra o desperdício, como destaca Gedaias Freire da Costa, que é presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas Administradoras de Condomínio do Estado.
O condomínio do Edifício Solar dos Ventos, em Jardim da Penha, Vitória, conta com reservatório da água de chuva, que é utilizada na limpeza de áreas comuns, como lavar calçadas, escadas e garagem, além de molhar as plantas, como destacam o administrador do condomínio Aderbal de Oliveira Valerio, a síndica Virgínia Bastos e Sérgio Nascimento, que faz a manutenção predial.
Prefeituras
Às prefeituras dos 78 municípios do Espírito Santo são recomendadas ações que reduzam e responsabilizem atividades promotoras do desperdício de água, como:
> LAVAGEM DE VIDRAÇAS, fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com o uso de mangueiras, substituindo por métodos de limpeza a seco ou com uso de baldes;
> REGA DE GRAMADOS e jardins durante o dia, incentivando a rega apenas durante as primeiras horas da manhã ou à noite, quando a evaporação é menor;
> RESFRIAMENTO de telhados com umectação ou sistemas abertos de troca de calor;
> UMECTAÇÃO DE VIAS PÚBLICAS e outras fontes de emissão de poeiras, exceto quando a fonte for o reuso de águas residuais tratadas;
Indústrias
> RECOMENDAR aos empreendimentos industriais a imediata adoção de medidas de reuso, reaproveitamento e reciclagem de água em suas unidades fabris, visando a redução do consumo, incluindo a implementação de sistemas de circuito fechado para resfriamento e lavagem de equipamentos.
Agricultura
> AOS USUÁRIOS e empreendedores agrícolas é recomendado que adotem manejo adequado da irrigação, visando o uso racional da água.
Companhias públicas
Às Companhias Públicas e Privadas e aos Serviços Autônomos Municipais de água e esgoto foi recomendando, que:
> DESENVOLVAM e implantem imediatamente medidas necessárias à adaptação a esse novo cenário, visando a incentivar a população a reduzir seu consumo médio diário de água, incluindo programas de incentivo à instalação de dispositivos economizadores de água em residências, como redutores de vazão em torneiras e chuveiros, e sanitários de baixo consumo.
> IMPLANTEM medidas e intervenções necessárias à redução dos índices de perdas e do tempo de atendimento às solicitações de reparos e denúncias de vazamento em suas redes;
Órgãos Licenciadores
Recomendar aos órgãos responsáveis pelo licenciamento de atividades poluidoras ou potencialmente poluidoras e degradadoras ou potencialmente degradadoras a imposição de medidas voltadas para:
> AMPLIAÇÃO DO USO RACIONAL, ao reuso e ao aproveitamento de águas residuais tratadas;
> AMPLIAÇÃO da captação/acumulação de águas de chuva;
> CONSERVAÇÃO de água e solo por meio de recomposição florestal e práticas mecânicas;
> APLICAÇÃO de mecanismos de desburocratização do licenciamento de atividades e intervenções emergenciais destinadas ao aumento da oferta hídrica e garantia de usos múltiplos dos recursos hídricos.
Agências Reguladoras
Às Agências Reguladoras dos Serviços de Água e Esgoto de abrangência Estadual ou Municipal é recomendado que adotem as medidas legais cabíveis, visando incentivar a redução do consumo per capita e a redução de perdas;
Restrições
> A AGERH PODERÁ estabelecer restrições se houver agravamento da situação nas bacias hidrográficas estaduais, sob a possibilidade de regras excepcionais de redução do uso em bacias hidrográficas e revisão das portarias do direito de usos.
Fonte: A Tribuna