A verticalização urbana tem deixado o mercado imobiliário aquecido, já que cada vez mais as pessoas têm optado por morar em apartamentos.
Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que no Estado há 261.094 endereços situados em arranjos condominiais.
Considerando que a média de moradores é 2,67 por residência, pode-se dizer que cerca de 700 mil pessoas vivem em condomínios.
Mas viver em condomínios nem sempre é uma tarefa fácil, pois em alguns casos a harmonia deixa de existir e entram em cena os conflitos, a exemplo do barulho, brigas por uso das áreas comuns, animais de estimação, vagas de estacionamento, obras e reformas, entre outros exemplos.
Gedaias Freire da Costa, presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas Administradoras de Condomínios do Espírito Santo, enfatiza a importância da atualização constante das regras internas dos condomínios para acompanhar as mudanças da vida moderna.
Segundo Gedaias, o equilíbrio entre o uso das áreas comuns e privativas é fundamental para evitar conflitos cotidianos, como os relacionados ao barulho e uso indevido desses espaços. “É crucial que os condomínios ajustem seus regimentos internos para garantir o sossego, a saúde e a segurança de todos os moradores”, explicou.
Baseando na modernização, Gedaias levantou o questionamento sobre o uso das redes sociais e direitos de imagem, com um alerta para os cuidados necessários ao compartilhar fotos e vídeos em áreas como academia, piscina e quadras esportivas.
“Tem crescido a conduta dos chamados ‘influencers’ que querem mostrar suas rotinas em condomínios, mas é importante que qualquer divulgação seja feita com autorização prévia das pessoas envolvidas, para preservar a privacidade e segurança de todos, ressalta.
Especialistas citam que é fundamental respeitar as regras do condomínio e os direitos dos outros moradores para evitar, além de transtornos, processos na Justiça.
Bicicleta elétrica é motivo de brigas
Junto aos tradicionais conflitos, as entregas de lanches e o uso de bicicletas elétricas também têm motivado brigas entre vizinhos.
O uso de bicicletas elétricas, por exemplo, pode causar problemas de estacionamento e circulação nas áreas comuns, além de riscos de acidentes.
O alerta é de especialistas que atuam no setor condominial. Uma das orientações é que sejam definidos locais adequados para estacionamento e a garantia que os usuários respeitem as normas de circulação dentro do condomínio.
Outros exemplos envolvem conflitos por causa de entrega de lanches, sobretudo a questão da segurança e do acesso. Alguns condomínios já possuem sistemas automatizados, com porteiros eletrônicos e locais reservados para o armazenamento de mercadorias, com abertura eletrônica e remota.
A síndica profissional Wanessa Siqueira afirma que a orientação aos condôminos é estabelecer regras claras para o recebimento de entregas, como pontos específicos e horários para a retirada de encomendas.
Agenda para obras e reuniões virtuais
Juliana Lopes Monteiro é síndica profissional e adota uma abordagem proativa na promoção da boa convivência em condomínios. Ela implementa soluções técnica para questões como tomadas para carros elétricos, buscando o consenso em assembleias democráticas.
Juliana também orienta os moradores a resolverem conflitos, como o barulho durante obras e reuniões em home office, incentivando o diálogo entre vizinhos e estabelecendo uma agenda prévia. Assim, cada um comunica quando fará barulho e quando precisará de silêncio.
"Apesar das medidas, o bom senso é primordial. No caso das tomadas elétricas, procuramos soluções técnicas com a ajuda de engenheiros e empresas que oferecem locação de totens. Levamos essas soluções para a assembleia”, ressaltou.
PRINCIPAIS CONFLITOS
Barulho
- Conflitos relacionados ao barulho ocorrem frequentemente em condomínios, seja por festas, obras fora do horário permitido ou atividades cotidianas que perturbam a tranquilidade dos vizinhos.
Uso das áreas comuns
- Disputas pelo uso de piscinas, salões de festas, academias e outros espaços compartilhados.
- O uso dos espaços comuns por crianças e adolescentes, bem como brincadeiras dentro dos apartamentos, além de risadas, gritos, corridas, equipamentos eletrônicos com volume alto, também têm causado reclamações.
Animais de estimação
- Discussões sobre a presença de animais, especialmente em relação a barulho, sujeira e segurança.
Vagas de estacionamento
- Conflitos surgem quando as vagas de garagem são insuficientes, desatualizadas para veículos maiores (como SUVs) ou quando há disputas pela utilização das mesmas.
- O manejo eficiente das vagas e a clareza nas normas de uso são essenciais para prevenir desentendimentos entre condôminos.
Obras e reformas
- Conflitos relacionados a obras e reformas incluem questões como sujeira e interferência na rotina dos vizinhos. Com o aumento do home office, obras durante o horário permitido podem perturbar a concentração e produtividade dos moradores que trabalham em casa.
- É essencial que os condôminos se comuniquem previamente sobre as obras, estabeleçam horários adequados e respeitem as normas de convivência para minimizar os impactos negativos.
Aluguel por plataformas
- Alugar imóveis por curta temporada em plataformas digitais caiu no gosto de muitos brasileiros, mas o tema é polêmico e divide opiniões, sobretudo no quesito segurança. Diante da rotatividade de estranhos, condomínios estão mudando normas para proibir locação por aplicativo.
Inadimplência
- Considerado um dos principais desafios encarados pelos síndicos, pois este problema interfere na estimativa orçamentária feita pela administração.
- Desta forma, a situação acaba afetando o fundo de reserva do condomínio e dificultando o trabalho do síndico – que tem nos pagamentos em dia de cada condômino, os recursos para a sua administração.
Exemplos disso são sanar algum problema que pode ocorrer com encanamentos, fazer alguma obra de melhoria prevista, efetuar os pagamentos dos funcionários, luz, água, entre outros calculados.
Moradores antissociais
São aqueles que têm comportamentos que prejudicam a convivência harmoniosa no condomínio. Exemplos de comportamentos antissociais incluem:
- Desrespeito às normas do condomínio. Não seguir as regras estabelecidas, como horários de silêncio e uso das áreas comuns.
- Agressividade: comportamento hostil ou agressivo com outros moradores ou funcionários do condomínio
- Manutenção inadequada da unidade. Deixar a unidade em condições que possam afetar os demais, como odores fortes ou lixo acumulado.
- Realização de festas frequentes e barulhentas. Ignorar as regras de convivência e causar perturbação frequente.
Fonte: A Tribuna