A situação da dengue no Espírito Santo é considerada gravíssima e os números não param de subir. Somente de janeiro a abril de 2024, foram confirmados mais de 75 mil casos da doença.
O subsecretário de vigilância em saúde do estado, Orlei Cardoso, destaca que, apesar do governo promover ações contra o mosquito, somente o poder público não dá conta de combater o aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
“Só o governo não é capaz de resolver o problema. A força tem que ser do poder público junto com a sociedade, cada um fazendo a sua parte. O poder público com o inseticida, por exemplo, e o morador fazendo um trabalho mais mecânico, uma inspeção minuciosa. Até porque a maioria dos casos é nas residências, e não tem ninguém melhor para cuidar do que o próprio morador.” afirma.
Os condomínios, por concentrarem muitas pessoas e possuírem espaços como jardins e áreas comuns, podem acumular focos de dengue. Por isso, é essencial se atentar a esses locais, que muitas vezes não recebem a devida atenção.
Para a advogada especialista em Direito Condominial, Juliana Teles, pensar em ações de prevenção também é papel dos condomínios.
“Diante do aumento alarmante dos casos de dengue no Brasil, os condomínios desempenham um papel fundamental na prevenção da propagação do vírus. Adotar medidas preventivas e promover a conscientização dos moradores são passos essenciais para garantir um ambiente seguro e saudável para todos.” destaca a especialista.
Conheça cinco medidas que podem ser implementadas pelos condomínios na luta contra a dengue:
1. Ações de conscientização
O primeiro passo para combater o aedes aegypti é o acesso à informação. Ter conhecimento sobre como funciona a reprodução do mosquito e os locais em que ele se reproduz possibilita ações que visam interromper o ciclo de transmissão.
Nesse sentido, o presidente do Sindicato Patronal de Condomínios Residenciais, Comerciais, Mistos e Empresas de Administração de Condomínios no Estado do Espírito Santo, exceto Região Sul (Sipces), Gedaias Freire da Costa, destacou que os condomínios podem orientar os moradores por meio de campanhas educativas e até mesmo contratar serviços de inseticida.
“O condomínio tem esse papel de orientar os moradores a não deixar água parada, dar descarga em banheiros com pouco uso e checar as áreas comuns, principalmente após as chuvas. Alguns condomínios estão contratando fumacê com o objetivo de combater o mosquito. Isso é interessante também”, pontua.
2. Vistoriar áreas comuns
As áreas comuns precisam de uma atenção especial. Jardins, locais com passagem contínua ou pouca passagem e regiões não cobertas são algumas opções para vistoriar.
No caso de condomínios maiores, com espaço amplo de circulação e área de lazer, alguns locais podem passar despercebidos. Por isso, é importante o envolvimento do maior número de moradores possível, sobretudo em períodos de chuva.
3. Ações periódicas
Como o ciclo de reprodução do mosquito dura em torno de sete a nove dias, escolher um dia da semana para concentrar as ações contra o aedes aegypti é essencial para interromper a sua reprodução.
Este é o momento para eliminar água parada que pode se tornar um possível criadouro do inseto, como vasos de planta e garrafas plásticas. É importante também deixar o vaso sanitário sempre fechado, especialmente os que não são muito usados.
4. Instalação de telas de proteção
Uma medida que também colabora para a diminuição do número de mosquitos é a instalação de telas nos ralos das áreas comuns nos edifícios. No prédio que a microempresária Kênia Ribeiro mora, as telas ajudaram.
“Há muito tempo colocaram telas finas de aço nas grades que existem no chão do condomínio que dão acesso à rede de esgoto, impedindo a passagem do mosquito e desde então quase não vimos mosquitos mais pelo condomínio”, afirma a moradora.
5. Incentivar o uso de repelentes
O uso de repelentes também pode ser incentivado pelo condomínio como uma forma de se proteger do aedes aegypti. A Anvisa e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) recomendam o uso de repelentes que contenham uma destas três substâncias:
- Icaridina 20-25%
- DEET (N-N-dietilmetatoluamida) 10-15%
- IR3535