Você tem medo de usar banco digital para seu condomínio?

Estamos tão acostumados com alguns paradigmas que tendemos a não nos questionarmos mais do por quê as coisas são como são. Falemos dos bancos.

Crescemos numa cultura em que os bancos sempre funcionaram de um certo jeito, com agências, gerentes, filas, horários restritos, custos altos, burocracia, etc. O modelo era esse. E ainda é para a grande maioria. Nenhuma mudança acontece de uma hora para a outra.

Tecnologia e pandemia consolidaram os bancos digitais em condomínios
Porém, o mundo não para de dar voltas, e com ele, as inovações também não param. Desde o surgimento da internet, muitos serviços foram migrando pouco a pouco para o mundo virtual.

Se antes era raro encontrar alguém que tivesse feito ao menos uma compra online, hoje a dificuldade é a oposta. Estima-se que a pandemia acelerou o processo de adoção de recursos, ferramentas e soluções online em pelo menos cinco anos.

Ou seja, aqueles que ainda tinham alguma resistência ou desconfiança, diante da clausura e da falta de opção, tiveram que se render a grande rede e aos medos de fazer transações via internet.

Com isso, viram que essa mudança traz uma série de vantagens, que o nível de risco é similar ao do mundo analógico, e que aprender como fazer do jeito online não é assim tão difícil. 

O surgimento das fintechs
Foi nesse cenário que surgiram as fintechs, que são empresas voltadas para a tecnologia financeira e que introduzem inovações e serviços digitais nesse mercado.

As fintechs funcionam 100% online, muitas vezes prioritariamente por aplicativo para celular, e por isso dispensam boa parte da estrutura física de uma instituição financeira tradicional.

Isso reduz muito os custos, e essa economia pode ser parcial ou integralmente repassada aos clientes, resultando em serviços mais baratos - e alguns casos até gratuitos - como conta corrente sem tarifa de manutenção, cartão de crédito sem anuidade, isenção de tarifa de PIX, DOC e TED, cashback em compras, isenção de taxa de emissão de boletos, dentre outras.

Por isso, a economia obtida na rubrica Despesas Bancárias, por si só, em muitos casos já justifica a migração das contas do condomínio para um banco digital, especialmente naqueles em que há grande volume de pagamentos e de emissão de boletos.

Por regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), uma fintech pode atuar em áreas específicas do mercado financeiro, como financiamento ou negociação de dívidas, por exemplo.

Já um banco digital oferece toda a gama de serviços e produtos de um banco “comum”, como abertura de conta, extratos, pagamentos, transferências, aplicações, etc, só que de forma muito mais prática.

Imagine, por exemplo, que hoje à noite, sentado na sua cama, você pode abrir uma conta corrente para o condomínio e talvez já começar a operá-la amanhã. Incrível, né?

Apesar de todas essas diferenças, não há na lei uma diferenciação específica para bancos digitais. Em outras palavras, um banco digital é uma fintech, mas a recíproca não é verdadeira. 

Crescimento do mercado condominial chamou a atenção dos bancos
O mundo continuou evoluindo, e o número de condomínios explodiu nas cidades.

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No período de 1984 a 2019, segundo do IBGE, o número de prédios nas grandes regiões cresceu 321%, passando a abrigar mais de 68 milhões de pessoas e a movimentar mais de R$ 165 bilhões por ano.

Diante desses números, era apenas uma questão de tempo para que os bancos - tradicionais e digitais - focassem sua atenção nesse mercado emergente e passassem a oferecer produtos e serviços especializados para condomínios.

Criaram departamentos inteiros voltados exclusivamente para o ramo condominial. Esses departamentos buscam compreender mais a fundo as “dores” dos síndicos, as necessidades e peculiaridades das operações financeiras dos condomínios, além de preencher com serviços específicos as lacunas que os bancos tradicionais empurravam para a vala comum da burocracia imposta às empresas. E, como sabemos, condomínio não é empresa.

Alguns bancos digitais foram inclusive criados para atender exclusivamente condomínios, oferecendo serviços comumente demandados, como conta garantida e financiamentos para obras e reformas indicadas na inspeção predial, e outros bastante diferenciados, como classificação de despesas no ato do pagamento, atualizando o balancete em tempo real.

Muitos oferecem também APIs para integração facilitada com alguns dos sistemas mais utilizados pelas administradoras, agilizando a migração, automatizando o controle e diminuindo a incidência de erro humano.

Esse nível de especialização se traduz numa experiência muito melhor para as administradoras, síndicos e gestores condominiais.

Bancos tradicionais geralmente não entendem, por exemplo, certas coisas como a necessidade da agilidade na abertura da conta apresentando apenas a ata de eleição e a convenção, ou flexibilização de prazos de titularidade do síndico numa transição um pouco mais lenta.

Ainda vivem na era do “me envie uma cópia autenticada pelo malote, mas precisa chegar aqui antes das 16h”, ou “não posso fazer nada, a procuração venceu ontem”...

E como aprendemos com Darwin, quem sobrevive neste mundo - inclusive dos negócios - não é necessariamente o mais forte, mas quem melhor e mais rapidamente se adapta às novas condições.

Dica: antes de abrir uma conta no banco da sua escolha, é recomendável verificar se o mesmo possui proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Este recurso garante que os clientes que possuem valores de até R$ 250 mil recebam seu dinheiro caso a instituição quebre. Convém também recorrer ao grupo de síndicos do qual você faz parte (como assim "eu não faço parte de nenhum"??) para colher deles suas opiniões sinceras sobre o uso deste ou aquele banco digital. 

Outra coisa importante a considerar, que é óbvia, mas precisa ser dita: trata-se de uma conta digital.

Ou seja, se não houver acesso à internet, se o celular ou computador onde a conta está cadastrada tiver um problema, se o aplicativo estiver desatualizado ou sofrer algum tipo de bug…você simplesmente não terá acesso à conta naquele momento.

Porém, visto que a maioria das operações feitas através de bancos tradicionais também já ocorre prioritariamente através do internet banking, essa não é uma questão exclusiva dos digitais.

Uma pesquisa realizada no final de 2022 pelo Finder revelou que 43% dos brasileiros possuem pelo menos uma conta digital, posicionando o Brasil como o país com mais contas em bancos digitais no mundo.

O estudo indica que a expectativa é que, até 2027, sejam 57%. Ou seja, trata-se de uma tendência que está em aceleração, e que não terá retorno. Em breve, tanto você quanto o seu condomínio farão parte dessa estatística - se já não o fazem.

(*) Sérgio Gouveia - Síndico profissional, administrador, especialista em finanças, palestrante com experiência corporativa de sucesso no mundo condominial. Mais de 20 anos de experiência como gestor e mais de 9 anos de experiência como síndico.