O que te torna superior a alguém?

A forma como você se relaciona com as pessoas e o mundo dirá muita coisa sobre você. O seu comportamento é formatado desde a infância a partir das relações que você estabelece com as pessoas com quem convive. Isso acontece principalmente na vida em família e no convívio com os pais.

Há muitas pessoas que se acham superiores porque têm um título, um alto padrão sócio econômico. Há aquelas que se acham melhores porque têm um modelo de carro mais caro ou porque moram num prédio de luxo. Pessoas desse tipo seguem sua vida buscando um status e um determinado poder.

Todos, de alguma forma, buscam qualidade de vida, bem estar e segurança material e financeira. Não é errado querer o melhor para você e seus familiares. O erro de muita gente é achar que os títulos e bens materiais as tornam diferenciadas e melhores que as outras. Triste engano! Dessa mesma forma os filhos são educados de forma totalmente equivocada e egoísta.

Ainda que dinheiro e podem sejam muito valorizados, eles não são indicativos de felicidade pessoal e familiar. A forma como você se relaciona com as pessoas e com o mundo dirá quem é você na realidade. Você pode fazer um autoteste muito simples para se conhecer na relação com as pessoas e com o mundo. Então, responda:

1) Você trata seus funcionários de forma respeitosa e digna?

2) Você percebe o valor do trabalho de um porteiro, do caixa do supermercado ou da pessoa que te atende numa loja?

3) Se alguém comete um erro, você tem um ataque de fúria ou consegue relevar e ter outro entendimento da situação?

Se pergunte: qual é a impressão que você passa de você mesmo? Você normalmente é rude e mal educado com quem encontra no seu caminho?

Uma vez, na época da pandemia, eu estava pagando umas compras no supermercado e a moça do caixa estava visivelmente triste e chateada porque uma cliente havia dito para ela há poucos minutos. “Nossa, se para a gente que tem uma condição melhor a situação da pandemia está difícil, como é que vocês que são pobres resolvem isso? Vai acabar morrendo muita gente mesmo”.

Pelas palavras e gestos das pessoas acabam ofendendo umas às outras; sem sentido, apenas para mostrar poder de forma arrogante e equivocada.

O seu status social, a sua religião, o seu time e o seu partido político nunca deveriam ser motivo para depreciar alguém. Aqueles que fazem isso podem cair no ridículo e se passarem como tolas e idiotizadas. Vivem uma espécie de “eumismo” o qual a vida do outro não importa.

Esse tipo de egoísmo nos afasta do pensamento respeitoso e humanizado.

A verdade é que dependemos uns dos outros o tempo todo, onde quer que estejamos. A vida social é feita de cordialidade e ajuda mútua. Cada um de nós deve se colocar como um agente equilibrador e proporcionado de equilíbrio e de bem-estar o tempo todo. É dessa forma que faremos desse mundo um lugar melhor de se viver.

Não espere que alguém faça o mundo melhorar. Nas palavras de Mahatma Gandhi: “Seja você a mudança que quer ver no mundo”. O momento é agora, vai lá, comece a fazer a sua parte. Seja um agente de transformação pro onde você passa.

Autor: Cláudio Miranda
Terapeuta individual e familiar, psicopedagogo clínico, pós-graduado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Publicado na coluna Papo de Família, do jornal A Tribuna, em 08 de outubro de 2022