Nova onda de brigas por barulho nos condomínios

A necessidade de isolamento social por conta da pandemia fez o estresse predominar nos condomínios residenciais.

As brigas entre vizinhos e síndicos chegaram a registrar aumento de 300%, mas foram reduzindo ao longo do ano passado. Agora, entretanto, as reclamações voltaram numa “segunda onda” de conflitos.

Uma pesquisa realizada com condomínios de todo o País mostrou que a quantidade de multas e advertências, que estava em queda no final de 2020, voltou a subir neste ano. Entre os síndicos entrevistados, 43% disseram que o número de ocorrências de barulho e brigas cresceu 43%. E o pior: segundo 23% deles, os problemas ficaram ainda maiores em 2021.

“Já podemos perceber essa segunda onda de conflitos, principalmente por causa de obras, barulho de festas em casa e descumprimento das regras”, afirmou o presidente do Sindicato Patronal de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES), Gedaias Freire da Costa.

“A convivência diária não é fácil. O isolamento e o home office ampliaram os conflitos, de forma que todo e qualquer ruído seja motivo de reclamações”, ressaltou.

FERIADOS
As queixas também são constantes nos finais de semana e feriados, segundo a síndica Aline Moraes.

“Nesses dias, em que está todo mundo em casa, sempre há reclamação. Temos de ajudar a contornar, ter bom senso”, disse.

Quando não há como contornar, muitos problemas acabam indo para a Justiça, de acordo com o advogado João Eugênio Modenesi.

“São problemas que já eram comuns antes da pandemia, mas que cresceram muito agora. Tem faltado empatia, o que traz aborrecimento. E, para chegar na Justiça, já passou por muita conversa antes”, disse Modenesi.

O advogado Elpídio da Paz Neto lembra que, uma vez na Justiça, o caso pode ser finalizado com diferentes decisões, em algumas vezes desfavorável ao autor da ação, já que vivemos um momento atípico.

“Se um morador quer trocar um piso da sua unidade, diante de negativa do síndico, seria ele o autor da ação para garantir o direito de propriedade dele, mas não é demais imaginar que sua demanda judicial seja fracassada pela interpretação do momento atual”, ressaltou o advogado.

OBRAS ENTRE AS PRINCIPAIS QUEIXAS
Conviver com o barulho de furadeiras e marteladas já não é algo fácil em nenhum momento, mas em épocas de isolamento social a situação tem sido ainda pior. É tanto que as obras são apontadas como a principal dificuldade enfrentada por oradores e síndicos.

Na pesquisa realizada com os síndicos de todo o País, 23% dos entrevistados apontaram essa como a maior queixa. “É o maior problema, pois os condôminos resolveram fazer obras com diversas justificativas”, afirmou o presidente do Sindicato Patronal de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES), Gedaias Freire da Costa.

Além do barulho que incomoda os vizinhos que trabalham ou estudam em casa, Gedaias Freire da Costa lembra que a realização de obras é um problema por conta do risco de contaminação.

“Muitos moradores que estão isolados têm medo de terem pessoas de fora circulando nas áreas comuns e provocando contaminação. Tivemos momentos de restrições severas, não autorizando obras e liberação gradual. Mas, hoje, a maior reclamação é com o barulho das obras”, disse.

O conflito entre os vizinhos é apontado como principal problema por 22% dos síndicos entrevistados, seguido pelo uso ou fechamento de áreas comuns (15%).

“Os síndicos foram muito mal compreendidos por adotarem regras de restrição no uso das áreas comuns, seguindo normas sanitárias. Os moradores, isolados, esqueceram que isolamento não é todos irem para as áreas comuns. Atualmente, o uso é por agendamento e por família. Mas, ainda, gera muita polêmica, pois muitos querem fazer festa e aglomerar, o que não é permitido”.

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS
1º Obras nas unidades (23%)
2º Conflitos entre vizinhos (22%)
3º Uso ou fechamento das áreas comuns (15%)
4º Fazer o condômino cumprir as normas de segurança (13%)
5) Inadimplência (13%)

Fonte: A Tribuna