Mais moradores participam de assembleias virtuais

Foto: Gedais Freire da Costa, presidente do SIPCES, alerta sobre regras de convivência
Foto: Leone Iglesias/AT

Ao mesmo tempo em que trouxe uma série de problemas, a pandemia teve um reflexo considerado positivo por administradores de condomínios: a participação mais intensa de moradores nas assembleias.

De acordo com Marcele Miranda, gerente do Grupo Confiança, a alta registrada foi de 40%.

“Há algum tempo, adaptamos a plataforma da administradora para fazer assembleia de forma virtual. No início, houve alguma resistência, mas parece que o pessoal já se adaptou bem. Tanto que houve um aumento expressivo na participação”.

Marcele destacou que a possibilidade de participar das reuniões sem deixar o conforto de casa é um dos principais motivos para o crescimento. “Mas também há outros fatores. Os condôminos parecem se sentir mais à vontade para abordar certos temas sobre os quais dificilmente falariam numa assembleia presencial por receio de um confronto com outro morador”.

Esse ponto é ressaltado também pelo presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES), Gedaias Freire da Costa. Para ele, independente se a assembleia ocorre de maneira presencial ou virtual, algumas regras de boa convivência devem ser seguidas.

“Em qualquer reunião e nas assembleias não é diferente, não pode haver falta de respeito. Ofensas contra o síndico ou outros moradores não são toleradas. Todo problema deve ser discutido, mas de forma educada, polida”.

Problemas, aliás, também estão entre os motivos para o aumento da participação em assembleias.

A síndica profissional Juliana Monteiro destacou que, nos condomínios em que administra, houve aumento de cerca de 5% na participação em reuniões de condomínio. Mas as reclamações durante o período de isolamento social aumentaram muito.

“Há queixas sobre moradores que não fazem uso de máscara e descumprem medidas de segurança, mas também sobre barulhos como criança gritando, gente pulando corda dentro do apartamento, fazendo obra. Tem reclamações até por causa de lives. O morador se empolga no fim de semana e coloca a TV num volume altíssimo, o que incomoda os vizinhos”, revela Juliana.

TECNOLOGIA PARA DIMINUIR RISCOS DE CONTÁGIOS DA COVID-19

Para diminuir os riscos de contágio pelo coronavírus e permitir a continuidade de serviços, diversas tecnologias estão sendo utilizadas pelos condomínios.

Uma delas é a portaria virtual ou remota, que permite monitorar e controlar o acesso ao condomínio à distância, sem necessidade de manter contato físico.

Nos condomínios com portaria virtual, aliás, armários inteligentes são considerados uma boa solução para fazer a gestão de encomendas com praticidade, segurança, redução de custos operacionais e eliminação de contato entre pessoas.

Segundo informações de especialistas, depois de alocada a encomenda e fechado o armário com a fechadura eletrônica, o morador recebe um aviso pelo celular com senha para abrir o armário.

Outras medidas mais simples também podem ser adotadas. A distribuição de boletos e comunicados, por exemplo, pode ser feita por meio de aplicativo de mensagens, ou plataforma da administradora.

SEGURANÇA É REFORÇADA

Com a pandemia do novo coronavírus, serviços de entrega se tornaram o principal canal de vendas de muitos estabelecimentos.

Com tantas pessoas recebendo compras em casa, muitos condomínios passam a adotar cuidados extras para preservar a saúde dos condôminos e trabalhadores do edifício.

“Por causa do vírus, os condomínios passaram a adotar alguns cuidados a mais. Nos prédios em que há porteiro, por exemplo, é borrifado álcool 70% nas embalagens, antes que sejam entregues aos moradores”, explicou o presidente do Sindicato Patronal de Condomínios no Estado (SIPCES), Gedaias Freire da Costa.

A estratégia é adotada diante do fato de que, segundo estudos variados, o vírus pode sobreviver em algumas superfícies por cerca de uma semana.

Em alguns condomínios administrados pela síndica profissional Juliana Monteiro, também foram adotadas medidas para preservar a saúde do porteiro que, geralmente, recebe encomendas.

“Quando a estrutura do condomínio permite, coloca-se uma mesa para que os entregadores deixem as encomendas. A mesa fica à vista do porteiro, mas afastada”.

Algumas entregas também passaram a ser restritas. “Antes, algumas lojas de roupa deixavam sacolinha com peças para o morador experimentar e depois devolver. Isso acabou. Não tem mais isso de ficar passando sacola para lá e para cá toda hora”.

MAIS RECLAMAÇÕES DURANTE A QUARENTENA

* REUNIÕES
- Com a pandemia e a necessidade de distanciamento, diversos condomínios passaram a realizar assembleias virtuais.
- A possibilidade é permitida por lei até 30 de outubro, segundo o Sindicato Patronal de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES). Embora estejam sendo analisadas pelo Congresso, projetos para tornar a autorização permanente ainda não foram votados.
- As reuniões estão sendo realizadas por meio de sites e aplicativos populares de videoconferência e, em outros casos, por plataformas próprias das administradoras.

* QUEM PODE ADERIR
- Qualquer condomínio pode aderir ao modelo.
- Antes de decidir realizar as reuniões virtualmente, cada condomínio precisa verificar, dentre outras coisas, se não há impedimento do formato em suas regras internas e se é acessível a todos os condôminos.

* DISCUSSÕES
- Todos os temas podem ser tratados em assembleias virtuais, desde que as ferramentas tecnológicas utilizadas permitam o debate e não apenas a contabilização de voto.
- Apesar disso, a orientação do Sindicato Patronal de Condomínios (SIPCES) é para que discussões muito longas sejam evitadas.

* VOTAÇÕES
- A votação para escolha de um novo síndico, por exemplo, foi postergada em muitos condomínios. Geralmente, quem estava no comando até março, teve o mandato prorrogado.
- Temas urgentes como punição em caso de descumprimento de normas, como uso de máscaras, estão sendo votados na medida do possível.

* PARTICIPAÇÃO
- Grande parte dos condomínios tem registrado aumento na participação dos moradores em assembleias virtuais.

* COMODIDADE
- Um dos motivos para o aumento de participação nas reuniões de condomínio é o fato de que não é necessário sair de casa, nem se indispor pessoalmente com vizinhos durante as discussões.

* RECLAMAÇÕES
- Outro motivo para o aumento na participação nas assembleias foi o crescimento do número de reclamações durante o período de isolamento social. Entre as queixas:
a) Obras com longo prazo;
b) Moradores que não utilizam máscaras, nem cumprem outras normas de prevenção à Covid-19;
c) Barulhos decorrentes da realização de exercícios, brincadeiras no apartamento ou som alto.

Fonte: Jornal A Tribuna