Especialistas em saúde têm recomendado o isolamento social para conter o avanço do coronavírus. Mas, para quem mora em apartamento ficar isolado pode ser ainda mais difícil. Por isso, condomínios da Grande Vitória já estão liberando algumas áreas de lazer para o uso dos moradores.

Quadras de esportes e piscinas são as áreas que foram liberadas em alguns condomínios, conforme explicou a coordenadora de uma administradora de Vitória, Marina Moreno.

A flexibilização vale apenas para condomínios com no máximo 30 apartamentos, como em um prédio em Vitória.

Isso ocorre em prédios menores, com a proposta de áreas abertas, sem uso da academia, saunas, parquinhos e salão de festa. Apenas as quadras e piscinas estão sendo liberadas, com a aprovação dos moradores em assembleia. O condomínio divulga a pauta, com a proposta, e deixa uma lista na portaria, em que o morador passava e manifestava o voto.

Para utilização, são feitos agendamentos em que apenas uma família pode utilizar a quadra e a piscina, durante o tempo estipulado. O condomínio faz a limpeza das áreas externas, como das piscinas, porém as famílias são responsáveis pela higienizaão individual.

Síndica de um condomínio na Serra, Zilmeria Cerillo afirmou que o conselho do prédio estuda a flexibilização da área de lazer.

“Por enquanto, estamos apenas conversando, nada definitivo. Temos seguido as recomendações da Secretaria de Estado da Saúde, e as academias seguem fechadas. Vamos fazer uma pesquisa com os condôminos para saber como podemos liberar algumas áreas, adequando a essa nova realidade”, ressaltou Zilmeria.

O presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas Administradoras de Condomínios no Espírito Santo (SIPCES), Gedaias Freire da Costa, destacou que a flexibilização está ocorrendo em condomínios menores, sendo que os demais seguem com as áreas comuns fechadas.

A psicóloga Monique Nogueira pontuou que o lazer é importante para a saúde mental. “Dessa forma o isolamento fica mais leve”.

ASSUNTO DIVIDE MÉDICOS

A flexibilização das áreas de lazer em condomínios da Grande Vitória divide a opinião dos médicos.

Há aqueles que são favoráveis e outros que acham ser ainda cedo para que as áreas comuns dos prédios possam ser utilizadas pelos moradores, devido ao risco de transmissão do coronavírus.

O infectologista Fábio Coutinho afirmou que a flexibilização é uma “opção lógica”. “Pois não temos aglomerações e, desse forma, as pessoas têm diversão, reduzindo a saída para a rua”, afirmou.

Quanto ao uso da piscina, o médico afirmou que a limpeza com o hipoclorito de sódio elimina o coronavírus. “É comprovado que o hipoclorito mata o vírus. Como as piscinas são limpas usando cloro então não há risco de transmissão pela água”, destacou.

Já o infectologista Moacir Soprani se diz contrário a essa liberação de áreas de lazer.

“O contáfgio está relacionado com as superfícies e os ambientes. Provavelmente, as pessoas não irão para as piscinas de máscaras e têm os cuidados de higiene das superfícies. Parquinhos, creio, funcionam como academis”, pontuou.

O infectologista Crispim Cerutti ressaltou que a curva de transmissão da Covid-19 tem mostrado sinais de perda de inclinação.

“Estamos entrando naquilo que chamamos de platô, que é a estabilidade de número de casos. Isso é um ponto positivo na evolução da pandemia, mas deveríamos ter um pouco mais de paciência, antes de liberar as áreas de lazer. O ideal é esperar para ver como será a segunda quinzena deste mês”.

Fonte: Jornal A Tribuna