ALUGUEL DE GRAÇA PARA NÃO PAGAR CONDOMÍNIO

O desaquecimento da economia e o alto preço das taxas de condomínios têm feito proprietários de imóveis alugarem salas e apartamentos por valores simbólicos. Algumas vezes, o aluguel cobrado é o suficiente apenas para que o proprietário “se livre” das despesas fixas dos espaços. Ou seja: o valor estipulado é aquele usado para pagar taxas de manutenção e até o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) sem que o proprietário precise desembolsar a mais por isso.

O presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas Administradoras de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES), Cyro Bach Monteiro, destaca que essa não é uma tendência de mercado, mas que tem acontecido no Estado tanto em imóveis residenciais quanto comerciais.

“Realmente, isso tem acontecido. Em especial nos imóveis comerciais. Primeiro é feito esse contrato com valores simbólicos, para, futuramente, tentar renegociar”, explicou.

O índice que mede a variação do preço dos alugueis, o IGP-M, registrou uma alta de 7,65% nos últimos 12 meses, ficando acima da inflação – que registrou 4,66% no último ano. Ainda assim, segundo o presidente do SIPCES, muitos contratos estão sendo renegociados para baixo para que os donos não fiquem no prejuízo com salas ou imóveis vazios.

“Alguns proprietários parecem ter perdido um pouco a noção de realidade dos preços. Cobram um valor muito alto, não alugam e se recusam a baixar. Tem região com prédio inteiro fechado por conta disso, mas a maioria reajusta para baixo”, diz Cyro, citando Laranjeiras, na Serra, como uma das regiões com muita oferta.

Outra região em que é registrada a redução no valor dos aluguéis é o Centro de Vitória. “No Centro é a questão do mercado mesmo. Tem pouca procura. Quem tem sala comercial nem cobra o aluguel no início para tentar atrais mais clientes. Já tem uns dois anos que a situação está desse jeito. Como investimento, comprar uma sala no Centro para tentar alugar já não é um bom negócio”, avalia Lorenzo Milanez, sócio da Cristina Milanez Imóveis.

O consultor imobiliário José Luiz Kfuri lembra que essa não é a primeira vez que tal situação acontece na Grande Vitória. “É comum isso acontecer quando há um excesso na oferta de imóveis. Quando um novo shopping é inaugurado, por exemplo, é normal observar esse movimento, já que a oferta aumenta muito em pouco tempo”, explicou. “Como não temos esse excesso de ofertas, os casos são apenas pontuais”, comenta.

Esse movimento é visto, porém de forma mais sólida, no Rio de Janeiro. “O que a gente observa lá no ri é uma fuga de empresas, por conta dos mais diversos problemas. Com isso, passa a haver uma grande oferta constante”, acrescenta o consultor.

REDUÇÃO

Apesar de não cravar a existência de “aluguéis de graça” na Grande Vitória, o empresário Charles Bitencourt, confirma que o preço dos condomínios influencia no preço final do aluguel que é cobrado pelos proprietários.

“É claro que influencia. Não só o preço do condomínio, mas também o IPTU, as cobranças de taxa de Marinha. Tudo isso precisa ser levado em conta. Mas os moradores vêm tentando enxugar os gastos”, afirma Bitencourt. “Temos condomínios na Grande Vitória substituindo as portarias 24h por portarias inteligentes – que funciona por meio de vídeo chamada e uma central externa é responsável por liberar o acesso das pessoas. Isso ajuda a reduzir os gastos”, completa.

DESPESAS MENSAIS PASSAM DE R$ 3 MIL

O valor cobrado em condomínios da Grande Vitória pode chegar a R$ 3 mil por mês, dependendo das comodidades que ele oferece, do número de moradores que dividem o valor final e até do apartamento em que a pessoa mora.

“O que mais influencia é o tamanho do condomínio. Existem locais com muitas facilidades – portaria 24 horas, piscinas etc-, mas que têm um grande número de moradores, então o valor final acaba não sendo tão alto. Por outro lado, se o condomínio for pequeno, com poucos moradores, ele não precisa nem ter tantos atrativos para ser caro”, explica Charles Bitencourt.

Um dos exemplos citados por Bitencourt é um condomínio na Mata da Praia, em Vitória. “Nesse local tem apenas um apartamento por andar, mas são pessoas com um poder aquisitivo maior e que têm um juízo de valor diferente da maioria das pessoas. Elas preferem pagar mais para ter um serviço de maior qualidade”, comenta.

Já o valor média das taxas condominiais cobradas na Grande Vitória varia entre R$ 300 e R$ 600, segundo analisa o vice-presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Espírito Santo (SIPCES), Gedaias Freire da Costa.

Fonte: jornal A Gazeta e GAzeta On Line