Crise Hídrica - O papel de cada um. Responsabilidade de todos

Não há outra forma de enfrentar a crise hídrica sem mudar hábitos e pensar cada vez mais em economizar água. Felizmente temos encontrado diversos síndicos e administradoras de condomínios repletos de exemplos e ações em busca desse objetivo.

Um deles é o condomínio Residencial Barro Vermelho, no Barro Vermelho, em Vitória. O condomínio possui três reservatórios subterrâneos, cada um com cinco mil litros e dois guardam exclusivamente água da chuva. Segundo o síndico do condomínio, Sérgio Esteves, um desses reservatórios recebe água de máquinas de lavar de 88 moradores.

“Ela passa por um processo de decantação e filtragem e, depois disso, é armazenada para lavar as áreas comuns e molhar os jardins. Fizemos essa instalação, pois não havia chuva para encher os reservatórios e foi uma solução para termos água sempre”, explicou.

Ele afirmou que a ideia surgiu quando começou a crise hídrica. “Perdemos o jardim, por não estarmos regando. As áreas estavam sendo apenas varridas, mas estavam ficando sujas. Agora, não usamos água da Cesan para isso.”

Em Vila Velha, no condomínio do edifício Brisa do Parque, na Praia da Costa, avisos com pedidos para que os moradores economizem foram distribuídos pela síndica Maria Izabel Zurlo. O condomínio instalou uma caixa d’água para captar a água da chuva. A água armazenada nesta caixa é utilizada para lavar as áreas comuns, calçada e garagem.

No bairro Jardim da Penha o síndico do edifício Vanguard, Gilson Pinto Pessanha, fez a adaptação do encanamento dos aparelhos de ar condicionado e máquinas de lavar para um reservatório de quatro mil litros.

“Cada máquina gasta 50, 60 litros. Usamos para lavar as áreas comuns e a calçada. Vizinhos às vezes reclamam, acham que é desperdício, mas mostramos que é água de reuso.”

Ele afirmou que a obra custou pouco e que tem compensado com a redução do consumo de água por parte do condomínio. A grama também foi trocada por pedras em parte do jardim, para diminuir a necessidade de regar.

Além dessas ações muitos condomínios voltaram a estudar a possibilidade de realizarem a individualização de hidrômetros. “A individualização vai além da economia. É uma cobrança mais justa, mais correta entre os condôminos. A economia será tanto econômica quanto no consumo de água”, orienta o presidente do SIPCES, Cyro Bach Monteiro.

ESTOCAR PODE AGRAVAR SITUAÇÃO

Mesmo com exemplos animadores como os descritos acima, os veículos de comunicação têm noticiado algumas informações preocupantes: o aumento na venda de reservatórios de água e o relato de pessoas que estão buscando estocar água de alguma forma.

Caixas d’água, bades e bombonas tiveram uma grande procura nos últimos dias. Mas esse armazenamento pode agravar o problema de abastecimento neste momento, devido ao aumento no consumo, podendo ocasionar em uma ampliação do racionamento. De acordo com a Cesan, a expectativa é de que o racionamento seja capaz de reduzir o consumo em até 20%.

“Entendemos que não há motivo para estocar. O que precisamos fazer é reduzir o consumo, adotando medidas de reutilização e reeducação de uso da água ao tomar um banho ou limpar a casa. Precisamos de ações que evitem o desperdício”, reforça Monteiro.

REUSO DA ÁGUA DEVE SER PLANEJADO

Já parou para pensar quanto o ar condicionado do seu escritório ou residência pode fornecer em quantidade de água ao final do dia. Cada aparelho de 12 mil BTU’s gera, em média, 300 mililitros de água por hora. Se o ar condicionado ficar ligado das 7 às 19 horas, gera 3,6 litros. Agora pense em um prédio comercial com 40, 70 ou até mesmo 120 salas ou em um condomínio residencial, o quanto de água é possível gerar ao final de um dia.

A reutilização da água do ar condicionado certamente é uma importante ação de economia e combate ao desperdício independente de vivenciarmos um período de crise hídrica como agora.

E esse reaproveitamento da água do ar condicionado é simples e barato. O primeiro ponto que deve ficar bem claro é que essa água não deve ser consumida, por conter impurezas. Ela servirá para limpeza de áreas comuns, garagem e privada dos banheiros, por exemplo.

Mas o reaproveitamento vai além da água do ar condicionado. Também pode ser utilizada a água que é descartada das máquinas de lavar, tanques e até mesmo ser feita a instalação de sistemas de reaproveitamento de água de piscinas.

O SIPCES orienta a quem quiser adotar esse sistema de reuso que, em primeiro lugar, busquem conhecer o projeto hidráulico para poder fazer a instalação de forma correta, uma vez que o investimento não é grande.

Em média, a economia nos condomínios que reaproveitam água gira em torno de 30% do valor da conta.

No edifício Plena Center, em Santa Luiza, Vitória, a adaptação foi feita para reduzir o consumo de água. A tubulação de 74 aparelhos de ar condicionado foi ligada a um reservatório. Só com o ar condicionado o condomínio consegue até três mil litros de água por semana.