Queixas de barulho em residências

Reportagem das jornalistas Eliane Proscholdt, Francine Spinassé e Simony Giuberti
Publicação A Tribuna - 15 de janeiro - Pág. 02 / A Tribuna - 15 de janeiro - Pág. 03

Falta educação, dizem especialistas

Situações como briga de vizinhos, a exemplo do que ocorreu no bairro Jaburuna, em Vila Velha, poderiam ser evitadas de houvesse mais tolerância, educação, respeito e amor ao próximo.

É o que dizem especialistas, entre eles o doutor em Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade, Adriano Pereira Jardim. Ele lamentou sobre a enorme dificuldade que as pessoas têm de lidar com situações corriqueiras que, segundo ele, poderiam ser resolvidas com diálogo e acordos.

“Isso demonstra uma incapacidade enorme das pessoas ouvirem, de compreender que existe o outro, de respeitar o outro, de amar o próximo. Mesmo se não houver acordo, o que não se pode é extrapolar.”

Para Adriano Jardim, isso é um sintoma de uma deterioração psicológica, uma incapacidade afetiva e emocional de lidar com a discordância, o contraditório.

O assessor jurídico do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios no Estado do Espírito Santo (Sipces), Roberto Merçon, contou que existem brigas entre condôminos por causa de som alto.

“As pessoas não têm bom senso. Quem mora em apartamento deve sempre pensar que do outro lado tem um vizinho. Já ouvi muita gente falar: 'Mas não é 22 horas ainda'. Não se pode ligar o som e colocar no volume que bem entender, nem durante o dia”, alertou.

E completou: “Do outro lado pode ter uma pessoa querendo estudar, ver televisão, colocar o bebê para dormir ou descansar depois de trabalhar à noite. É preciso ter educação e tolerância. Além disso, o poder público deveria intensificar a fiscalização contra o barulho.”

O vice-presidente do Sipces, Gedaias Freire da Costa, afirmou que as reclamações em condomínios são muitas. “Há queixas de vizinhos que ligam a máquina de lavar, batedeira ou limpam a casa à noite. Também são comuns reclamações por causa do salto alto ou até barulhos durante o sexo.”

Para ele, é preciso haver mais tolerância em alguns casos e bom senso para todos.